Escrito por Lucimeire Cândida
Seg, 07 de Fevereiro de 2011 07:23
PERFIL PSICOLÓGICO DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
A violência contra a contra mulher é uma questão social e de saúde pública que consiste num fenômeno mundial que não respeita fronteiras de classe social, raça, etnia, religião, idade e grau de escolaridade. Atualmente e em geral, não importa o status da mulher, o lócus da violência continua sendo gerado no âmbito familiar, sendo que, a chance de a mulher ser agredida pelo pai de seus filhos, ex-marido, atual companheiro, é muitas vezes maior do que a de sofrer alguma violência por estranhos.
Diversos são os problemas decorrentes desse tipo de violência, como taquicardia, depressão, insônia, pressão alta, palpitação e até as DSTs que são sintomas comuns apresentados por mulheres vítimas da violência doméstica, porém que dificilmente são atrelados pelos médicos dos prontos socorros a esse motivo. Se os prontuários médicos adotassem o quesito “violência de gênero”, seria mais fácil diagnosticar o cerne da questão. Sendo assim, a maioria das vítimas ainda não se sente à vontade para explicar o real motivo de suas queixas, e por isso perambulam de um hospital para o outro. Doenças sexualmente transmissíveis, doenças pélvicas inflamatórias, gravidez indesejada, aborto espontâneo, dores de cabeça, doenças gastrointestinais, hipertensão e outras doenças crônicas, além de comportamentos danosos à saúde, como fazer sexo inseguro, abusar de drogas e do álcool têm uma incidência bastante alta nas mulheres que vivem em situação de violência. Surgem ainda transtornos psíquicos como depressão, ansiedade e suicídio Portanto, não basta garantir o atendimento à saúde. É necessário o resgate da cidadania e dos direitos humanos das mulheres tais como o reconhecimento de seus direitos sociais, econômicos, civis e políticos. Muitas mulheres afirmam já terem sofrido algum tipo de agressão e muitas dizem ter consciência de que seus agravos de saúde estão associados à violência, mas nunca conversam com ninguém sobre o assunto.
O sofrimento das mulheres vítimas de violência traz graves consequências à sua saúde física e mental, podendo ser responsável pelo desenvolvimento de depressão e fobias. Mulheres que vivem com parceiros violentos encontram dificuldades para cuidar de si próprias, procurar emprego, estudar e desenvolver formas de viver com conforto e autonomia, contribuindo ainda mais para seu sofrimento psíquico e social. Fica então que, em relação aos aspectos econômicos, as mulheres em situação de violência perdem com mais frequência o emprego, têm mais dificuldades em negociar aumentos salariais e promoção na carreira profissional, principalmente por ficar em dúvida com relação ao que seu parceiro irá pensar de sua promoção. São inúmeros os prejuízos também causados às crianças que de um modo geral assistem às cenas violentas entre os pais, que podem ser também diretamente afetadas e sofrem consequências emocionais, como ansiedade, depressão, baixo rendimento escolar, baixa autoestima, pesadelos, etc.
A insegurança pessoal, a baixa autoestima, a depressão e os problemas de personalidade podem levar à conduta violenta. Há vários estudos que mostram uma evidente relação entre o consumo excessivo de álcool e a violência, embora não esteja claro se beber desencadeia o problema ou serve de justificativa. Entre os casos de agressões físicas, pelo menos um terço é de abusos sexuais, um problema que, para muitas destas mulheres, começa na infância ou na adolescência. A violência entre os casais deixa várias sequelas, entre elas, além dos traumatismos, problemas gastrointestinais, dores crônicas, depressões e comportamentos suicidas.
Acredita-se que há uma série de fatores de risco entre os homens mais propensos a abusar de suas mulheres como a existência de antecedentes de violência familiar, especialmente se eles mesmos foram agredidos quando eram crianças. Dezenas de milhares de mulheres sofrem todo ano de violência sexual nos serviços de saúde, como assédio sexual, mutilações, exames ginecológicos forçados e controle de sua virgindade.
O relatório da OMS afirma ainda que, embora seja importante reformar os sistemas jurídicos e policiais para tratar o problema da violência contra a mulher, estas medidas são ineficazes se não são acompanhadas de mudanças culturais e nas práticas institucionais. A violência doméstica e o estupro são considerados a sexta causa de anos de vida perdida por morte ou incapacidade física em mulheres de 15 a 44 anos – mais que todos os tipos de câncer, acidentes de trânsito e guerras. Sendo assim, é um tema que merece total atenção, porque, pode acarretar consequências emocionais aos filhos que testemunham a violência.
As mulheres que relatam terem sofrido violência doméstica apresentam formas combinadas de agressões físicas, como nódoas negras, fraturas, queimaduras, marcas de tentativas de estrangulamento, golpes provocados por instrumentos cortantes, etc. Quanto às agressões psicológicas retratam como sequelas medo, isolamento afetivo, dependência emocional, sentimentos de culpabilidade e quadros depressivos.
Dessa forma, nossa proposta foi verificar a ocorrência de depressão e a presença de algum traço de personalidade que pudessem comprometer a saúde das mulheres vítimas de violência doméstica que decidem permanecer na relação conflituosa, de agressão. As mulheres agredidas e que permanecem no vínculo conjugal são mais propensas à depressão, exprimindo sentimentos de solidão, tristeza, desamparo, descrença, irritação, baixa autoestima e baixa autoconfiança, não conseguindo assim se perceber e nem desenvolver a autoeficácia, formando assim, um círculo vicioso: as mulheres agredidas que permanecem com os companheiros agressores tornam-se frequentemente, agressivas, o que leva os casais a terem um dia a dia cada vez mais violento, em que os conflitos se multiplicam e se intensificam.
By Lucimeire Candida \ Trabalho apresentado à Escola de Enfermagem Florence Nightingale, ao curso de Qualificação Profissional de Enfermagem \ Perfil Psicológico de Mulheres Vítimas de Violência.
Texto publicado no site Texto Livre
Disponível em:
http://www.textolivre.com.br/artigos/35139-perfil-psicologico-de-mulheres-vitimas-de-violencia
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Fonte da imagem: viaes.com.br
2 comentários:
Tânia e amigos, a violência contra a mulher se revela um problema no hoje e no depois; pois, na minha vida venho cuidando de pessoas que suportaram o momento, inclusive pelo stress e pelos amigos que se aproximam; porém, depois, quando todos se vão, enlouquecem de dor e medo, desespero e angústia. é preciso dizer um basta...
abraços com ternura, Jorge
Oi Tania, gostei imenso de ver esse artigo publicado em seu blog, principlamente por ter dado crédito à fonte. Caso seja interessante, leia também: "Ideologia e saúde" e "Violência contra a Mulher", ambos publicados em:
www.textolivre.com.br/artigos
Um grande abraço e parabéns pelo blog.
Lucimeire Cândida
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