Assisti duas vezes a este filme, The edukators... ameeei! Hallelujah é uma música muito linda, embora na sua tradução a letra seja voltada a Deus, traçando um paradoxo entre o tema do anarquismo e a religião, mas ficou muito bem colocada em duas principais cenas do filme. Aqui o vídeo foi montado apenas com as cenas de amor entre dois dos três protagonistas. O filme é muito mais que isso. Neste vídeo houve uma diluição, um reducionismo da sua temática política. Pra quem ainda não o viu, não perca tempo.
O filme “The Edukators” (Os Edukadores), direção de Hans Weingartner, com Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg e Burghart Klaußner, faz alusão ao Anarquismo. Esse filme constitui-se numa metáfora pós-moderna dos ideais revolucionários de três jovens sonhadores. Inicialmente dois japazes rebeldes e conscientes politicamente da exploração econômica do homem pelo homem decidem agir a favor da transformação social. Logo após, há a adesão de Jule, namorada de Petter, ao grupo, uma garota que tinha de pagar judicialmente uma dívida monstruosa relativa a uma batida de carro. A lógica é esta: não se renderem ao sistema. Iniciar uma "revolução", antes de tudo, interna; acreditar na igualdade de condições entre as pessoas. Para isso, exercem militância política, distribuem panfletos e apresentam um discurso transparente, perpassando nele opiniões contrárias às dos donos dos meios de produção, ou seja, seus argumentos são explicitamente contra a exploração do homem pelo capital e de tudo que o sistema capitalista espolia do ser humano, principalmente o roubo da infância pelo trabalho infantil, o egoísmo, o individualismo, o cunsumismo, etc. Sua prática notívaga resume-se à invasão de mansões luxuosas, obviamente na ausência de seus moradores, com o intuito de “detonar” todos os móveis e objetos internos das moradias, sem a sua apropriação para venda, sem roubá-los. No final da implantação do “caos” nas residências, esse grupo deixa seu rastro através de mensagens assinadas como “Edukators”. A finalidade é a de promover a insegurança em seus moradores e mostrar que eles podem fazer uma certa "pressão social" por meio da destruição desses bens de consumo. Como sabemos, esse belo gesto revolucionário não torna menos ilícita a sua prática numa sociedade capitalista, uma vez que a própria incursão clandestina aos imóveis é considerada um ato criminoso diante das leis vigentes na Alemanha ou em outro país qualquer do mundo imperialista. Na verdade, esta é uma prática que pretende chamar a atenção dos burgueses em relação ao luxo, ao supérfluo, às suas convenções sociais, ao consumismo desenfreado. O filme, em certa medida, é uma faca de dois gumes, e seus personagens adentram num campo onde a propriedade privada, os direitos alheios, os privilégios, os direitos e deveres sociais e as injustiças são questionados filosoficamente. Digamos, que os personagens são corajosos e bem intencionados, porém ingênuos diante da ferrenha defesa do deus-capital-social. Ficam nítidos o combate ao consumismo e à desigualdade de renda na sociedade. Eles voam como borboletas libertárias coloridas num jardim cinzento plantado em nome do lucro. Arriscam as suas próprias vidas em nome de seus sonhos, ignorando o universo de atitudes decorrentes e inesperadas de cada ação. Só temos que cuidar para não interiorizarmos aquela mensagem subliminar que está disseminada na sociedade, isto é, o clichê de que os anarquistas só fazem bagunça, barulho e terrorismo. O filme passa uma mensagem de inconformismo e de mil possibilidades no que se refere à descoberta das fendas do sistema e de sua penetração política para uma mudança significativa: aquela que parte da atitude concreta, da ação direta de cada um de nós.
Tânia Marques 04/08/09
2 comentários:
Tânia, irei vê-lo. Grande file... me senti, chamado a assistir, pois, sua descrição encanta...
abraços, Jorge
Também gostei muito, por isso fiz um relato. Mas faz muito tempo que eu assisti a ele. Beijossss
Postar um comentário