quarta-feira, 8 de junho de 2011

A VIDA COMO OBRA DE ARTE


                                                      Jorge Bichuetti

O mundo e a vida andam cinzentos. Nublados... Fragmentados, passivos, racionais, seguimos... O vida tornou-se um pesado e exaustivo fardo... Robotizados, perdemos carisma, charme e alegria no viver e no existir...
A subjetividade capitalística extraiu a magia da existência... Somos homens em série e assépticos. Nesse contexto, Gandhi revoluciona, dizendo que "o segredo da arte de viver é transformar a vida numa obra de arte."
Viver, poeticamente...
Viver, performaticamente...
Viver devindo-se, no andar, no gesticular , no olhar, uma estrela bailarina...
Nietzsche afirma categórico que não vencemos nossos demônios íntimos senão com o riso, a dança e a música.
Santo Agostinho chega a afirmar que o céu não merece os que não sabem dançar...
A arte é mais do que distração, entreterimento, ilusão... É vida insurgente, virtualidade que se atualizada transforma o ser humano e o socius.
Ela nos abre os portais do devir e do porvir... Vide as lições do surrealismo.
Por exemplo, a poesia...
A poesia desnuda as tramas do ontem, as potências do hoje e é um clarão e clareira no espaço do porvir que nela germina e alvorece no entre a profecia e a gravidez...
A poesia desnuda
               profetiza
               engravida
     é germinação
     florescência
                   devir...
Ela é alucinógena, amplifica a consciência e percute o inconsciente produtivo que denuncia as devastações sociais do agora e anuncia uma nova suavidade, a justiça social e a sociabilidade solidária.
Era a cachaça de Drummond...
O ser humano é ser capaz de se fazer, desfazer-se e refazer-se.
Podemos ousar viver artisticamente.
Não se trata de produzir arte ou se enamorar das artes; trata-se de agir, pensar, vincular-se, intervir, amar, con-viver, transformando nossa própria vida numa obra de arte.
Deixar a arte penetrar e inundar a nossa pele.
Dizer palavras de amor na melodia suave de Schumann; narrar nossa dor e lamento no compasso de um jazz; guerrear no ritmo dos tambores africanos; enamorar-se na ternura de Cartola...
Viver artisticamente...
Desfazer o cinzento e colorir nossos passos no caminho: com a vivacidade da aurora que está em Yara Tupinambá, Di, Tarsila de Amaral...
Podemos mudar e nos refazer...
E refazer-se como arte é bailar no cotidiano, voar na luta e devir-se suavidade, vitalidade, poesia e dança, uma pintura visceral... Um parir-se na arte-manha do existir inventivo e inovador, poético e belo...

1 comentários:

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querida Tânia, aqui estamos e vejo - parace que o texto aqui tem mais vida... a ternura do seu olhar dá vida ao horizonte; abraços ternos, jorge